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A propriedade intelectual tecnológica é um dos quesitos para uma nação ser considerada desenvolvida. Tratando especificamente da área do petróleo, o Brasil tem, ainda, uma das mais importantes petroleiras do mundo, detentora de uma reserva gigante e da tecnologia para prospectar e extrair petróleo de águas super profundas

(Foto: ABR)
 A propriedade intelectual tecnológica é um dos quesitos para uma nação ser considerada desenvolvida. Tratando especificamente da área do petróleo, o Brasil tem, ainda, uma das mais importantes petroleiras do mundo, detentora de uma reserva gigante e da tecnologia para prospectar e extrair petróleo de águas super profundas. Desde 2014, ela tem sido depreciada por uma investigação cinematográfica, a Lava Jato, recentemente desmascarada pela agência InterceptBrasil. A imprensa comercial, bumbo do mercado financeiro, expôs e ainda expõe negativamente a empresa, sem questionar os ataques por ela sofrido e defendendo a sua privatização.

A ação tem dois desdobramentos que muito interessa, tanto à mídia quanto ao desenvolvimento de outros povos: cria-se na opinião pública um desprezo pela empresa, fazendo-a acreditar que o melhor é vendê-la para que não ocorra mais corrupção, como se isso fosse exclusividade do Brasil e não ocorresse em empresas privadas de vários países. Por outro lado, deprecia-se um patrimônio que vale muito mais do que o valor pelo qual Bolsonaro e Paulo Guedes vão entregar, majoritariamente, para os EUA, capitalista e, a China, comunista. Já o Brasil, depois de 13 anos de desenvolvimento altivo, volta a figurar apenas como uma colônia fornecedora de produtos em estado bruto, como ferro, petróleo entre outros vários minérios e os agropecuários.

O governo humilha uma nação que não se reconhece como a criadora e construtora, há décadas, da Petrobras e de todas as outras empresas que os brasileiros possuem, mas que, também, serão malversadas. O governo trata os brasileiros como se eles não soubessem quem constrói acelerador de partículas, submarino nuclear, Eletrobras, Embrapa, universidades públicas, Correios, Serpro, DataPrev, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Casa da Moeda, estatais estratégicas para a segurança nacional e o desenvolvimento do Brasil. A soberania é solapada por um governo para quem não faz a menor diferença a orientação ideológica dos interesses internacionais que vão comprar os recursos naturais e as ferramentas indispensáveis para o Estado cumprir o seu papel de indutor do desenvolvimento. Somente uma contundente reação popular pode evitar esse crime.

Invariavelmente, a mentira usada pelos governos Temer e Bolsonaro para privatizar o Brasil foi a condição deficitária da empresa da vez. Apesar de todas serem superavitárias, esse não é o fator mais importante para elas pertencerem à nação, independentemente do governo da vez, que não pode se desfazer de um bem que é de todos. É sabido que a iniciativa privada não chega onde o Estado já não esteja, estruturalmente presente. Caso a China compre a Eletrobras e os Correios, por exemplo, o governo chinês vai investir conforme os interesses do desenvolvimento do seu povo, e não dos brasileiros. Lugares de difícil acesso e sem infraestrutura para fornecimento de energia elétrica e entrega de correspondência podem se tornar tão caros que a população não consiga pagar.

Porém, o mais importante, com a ECT nas mãos, a China terá uma riqueza tão grande quanto a própria estatal. Os dados de todos os brasileiros. Para piorar, informações ainda mais sensíveis estarão, em breve, nas mãos do mercado financeiro, com a venda do Serpro e da DataPrev. Datas de nascimento de pessoas físicas e de empresas, CNPJ e CPF, entre outras informações, não serão mais do controle do Estado, mas sim de bancos e de outros agentes financeiros. Assim como a Petrobras, que está sendo vendida aos pedaços, toda essa tecnologia é historicamente construída pelos brasileiros, há muitos anos. Porém, devido a um ódio contra a esquerda, inoculado eminentemente pela imprensa comercial, estatal virou sinônimo de corrupção. Segundo a Lava jato, o Partido dos Trabalhadores destruiu a Petrobras.

Vejamos. O pré-sal foi descoberto, em 2005. Em 2008, já havia uma pequena, mas promissora produção. Em 2012, é retomado o projeto de submarino nuclear brasileiro, para proteger o pré-sal, em parceria com a França. Em 2013, Dilma anuncia 75% e 25% dos royalties do petróleo para a educação e a saúde respectivamente. O ano de 2014 foi tomado pela operação que se vangloria de recuperar R$ 1 bilhão de um desvio que ela mesmo calcula entre seis e R$ 42 bilhões. A imprensa comercial não conta à população dois fatos fundamentais dessa história. A Lava Jato causou um prejuízo ao Brasil, superior a R$ 140 bilhões. E, em 2015, a Petrobras, sob toda chuva negativa promovida pela imprensa, foi a Houston, no Texas, para receber o maior prêmio que uma petroleira do seu porte pode almejar, justamente por desenvolvimento tecnológico, construído pelos brasileiros que Bolsonaro e Paulo Guedes querem usurpar e entregar para outros países. Nesse sentido, é fundamental apoiar a greve dos petroleiros, que estão lutando pela soberania do País. O apoio virtual é importante, mas nada substitui ruas tomadas de gente a defender o que é seu, e não de um governo provisório. Às ruas, é urgente.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/tecnologia-e-soberania?fbclid=IwAR0I3LFyO_Fg3HISkUtQPwZJrTJxGgpW-cY_XOAtjvcIOa3SBslAhBcIS7c