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Amy Pascal, produtora da Sony (esq.), Kevin Feige, presidente do Marvel Studios (dir.) e Tom Holland, astro dos últimos filmes do Homem-Aranha (centro), em 2017. Foto: Eric Charbonneau/Invision/Sony Pictures/AP
Amy Pascal, produtora da Sony (esq.), Kevin Feige, presidente do Marvel Studios (dir.) e Tom Holland, astro dos últimos filmes do Homem-Aranha (centro), em 2017. Foto: Eric Charbonneau/Invision/Sony Pictures/AP

Nesta semana, as redes sociais foram tomadas por fãs dos filmes da Marvel preocupados com o futuro da franquia do Homem-Aranha no cinema. O acordo entre Sony, Disney e Marvel foi (ao menos temporariamente) suspenso, e novos filmes do personagem são incertos.

A disputa entre as três empresas pelo uso dos direitos do personagem envolve uma franquia avaliada em mais de US$ 6 bilhões e é mais antiga do que o próprio “Universo Cinematográfico da Marvel”, a franquia de filmes interconectados com personagens dos quadrinhos da marca.

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O Homem-Aranha é um personagem criado pela Marvel em 1962, mas desde 1967 a empresa licencia os direitos sobre essa propriedade intelectual para outras companhias. A primeira a adquirir direitos parciais sobre o super-herói foi a rede norte-americana ABC, que fez com ele um desenho animado para a TV.

No cinema, o personagem estreou em 1977 com um piloto de uma série de TV produzido pela Columbia Pictures. O estúdio, após se tornar um conglomerado de entretenimento, foi vendido para a Sony em 1989 por US$ 3,4 bilhões (valores da época).

Homem-Aranha e Columbia cruzariam caminhos novamente em 1999. A Marvel enfrentava uma séria crise financeira e, para gerar receita, começou a licenciar suas propriedades intelectuais para estúdios de cinema que quisessem fazer filmes com seus super-heróis.

Os X-Men foram para a Fox, o Hulk foi para a Universal Pictures e o Homem-Aranha, após uma complexa disputa com a MGM, ficou com a Columbia Pictures, que a esta altura já pertencia à Sony. Pelos direitos do personagem, o conglomerado teria pago entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões em valores da época.

O licenciamento garantia à Sony o direito de fazer filmes e séries de TV com o Homem-Aranha e ficar com todos os lucros de bilheteria. Já os lucros decorrentes de merchandising, como bonecos e itens promocionais dos filmes, seriam divididos em 50% com a Marvel.

Assim, a Sony fez três filmes do Homem-Aranha até 2007, que juntos faturaram US$ 1,6 bilhão só em bilheteria no mundo todo, em valores reajustados pela inflação. Enquanto isso, a Marvel se preparava para estrear nos cinemas com seus próprios personagens não licenciados.

Na falta de grandes nomes como o do Homem-Aranha, Quarteto Fantástico e X-Men, o Marvel Studios produziu seu primeiro filme próprio, “Homem de Ferro”, distribuído pela Paramount Pictures. A produção faturou mais de meio milhão de dólares no mundo todo.

A Marvel já fazia planos para construir um grande universo interconectado de histórias no cinema quando um outro nome entrou na história. Em 2009, a Disney anunciou a compra da Marvel Entertainment (e, junto com ela, o Marvell Studios) por US$ 4 bilhões.

No momento da fusão, a Disney disse que iria honrar os contratos de licenciamento que a Marvel fez na década de 1990 com outros estúdios. Mas esses contratos tinham uma cláusula importante: os estúdios precisavam fazer ao menos um filme com os personagens licenciados a cada cinco anos para manter os direitos.

Sendo assim, direitos de exploração sobre personagens como Justiceiro, Demolidor e o Hulk voltaram para a Marvel porque Fox e Universal desistiram de fazer filmes com eles. O Homem-Aranha, porém, continuou com a Sony, e ganhou um novo filme em 2012, no limite de cinco anos após o último.

O acordo com Marvel e Disney

A nova franquia do personagem, que trocou de elenco, diretor e recomeçou a história do zero, porém, decepcionou o estúdio. O segundo filme dessa nova leva, “O Espetacular Homem-Aranha 2”, faturou menos do que o primeiro. Enquanto isso, o Marvel Studios batia recordes de bilheteria com seus próprios heróis.

Em 2015, após intensas negociações, Sony e Marvel anunciaram um acordo para a partilha dos direitos sobre o Homem-Aranha. O Marvel Studios, através do seu presidente Kevin Feige, produziria novos filmes do personagem, que seriam distribuídos pela Sony, por meio da produtora Amy Pascal.

Pelo acordo, a Marvel poderia utilizar o Homem-Aranha em seus próprios filmes, como “Vingadores: Ultimato” e “Capitão América: Guerra Civil”. Já nos filmes “solo”, em que o herói é o personagem principal, propriedades que não pertencem à Sony poderiam fazer participações, como, por exemplo, o Homem de Ferro.

Nesse acordo, ficou decidido que a Sony bancaria os custos de produção dos filmes solo do Homem-Aranha, mas ficaria com 95% dos lucros de bilheteria, deixando apenas 5% com a Disney (dona da Marvel). Os lucros de merchandising, porém, ficariam todos com o império do Mickey Mouse.

A Sony poderia continuar fazendo filmes do Homem-Aranha ou de personagens relacionados por conta própria, sem necessariamente envolver a Marvel ou Kevin Feige. Assim, o estúdio produziu a animação “Homem-Aranha no Aranhaverso”, que ganhou um Oscar, e o live-action “Venom”, que faturou mais de US$ 800 milhões em bilheteria.

O último filme da parceria Marvel-Sony foi “Homem-Aranha: Longe de Casa”, que se tornou o primeiro filme do personagem a cruzar a faixa de US$ 1 bilhão em bilheteria, e o nono produzido pelo Marvel Studios a alcançar a marca. Só que a Disney só viu 5% desse montante.

Fim do acordo e o que acontece agora

Foi aí que a Disney propôs uma renegociação dos direitos de partilha do Homem-Aranha. A seu favor, a empresa tinha o sucesso de público e crítica dos últimos filmes; a favor da Sony, o sucesso financeiro dos filmes derivados, que a convenciam de ser capaz de produzir sem a Marvel novos filmes com o super-herói.

Segundo informações da imprensa norte-americana, a Disney queria dividir em 50% os lucros de bilheteria e os custos de produção. A Sony, naturalmente, não queria mudanças no contrato e planejava reter os seus 95%, descartando de cara a nova proposta.

Com isso, a Disney decidiu suspender o acordo, segundo fontes próximas ao assunto que não quiseram se identificar, de modo que a Marvel e Kevin Feige não vão mais produzir filmes do Homem-Aranha, e a troca de personagens entre os estúdios será suspensa.

A Sony, por sua vez, disse em comunicado que a culpa é da Disney. Segundo a empresa japonesa, Kevin Feige estaria “muito ocupado com novas aquisições” – em referência à compra da Fox que trouxe os X-Men de volta à Marvel – e, por isso, não teria tempo para cuidar de novos filmes do Homem-Aranha.

Nos bastidores, a informação é de que a Disney não vê sentido em continuar dividindo o personagem com outro estúdio enquanto a partilha de lucros for tão desigual. A Sony pode continuar produzindo por conta própria filmes do Homem-Aranha com o mesmo elenco e atores, mas não poderá mais usar personagens do Marvel Studios, como os Vingadores.

Já a Marvel não poderá mais usar o Homem-Aranha ou personagens derivados em seus próprios filmes enquanto o acordo estiver suspenso. Não há garantias, porém, de que o elenco e a equipe técnica dos últimos longas estejam interessados em voltar para mais um – embora a Sony queira fazer, pelo menos, mais dois com o personagem.

Os filmes estrelados pelo super-herói feitos desde 2002 já renderam mais de US$ 6 bilhões em bilheteria no mundo todo, sem contar os títulos da Marvel em que o personagem faz participações, como “Vingador: Ultimato” – que tem o recorde de maior bilheteria da história do cinema, descontando a inflação.

“Homem-Aranha: Longe de Casa” recentemente ultrapassou “007: Skyfall” e se tornou a maior bilheteria da história da Sony. Pensando nisso, e considerando os valores astronômicos envolvidos, talvez seja cedo para decretar o fim definitivo do acordo entre Sony, Marvel e Disney.

Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/homem-aranha-marvel-sony-disney-155555593.html