Fantástico experimentou o robô virtual que interage com seres humanos. Robôs assim já existem faz muito tempo, mas nunca foi tão fácil de usar como agora.
Por Fantástico
O ChatGPT é o que os técnicos chamam de “chatbot”, ou seja, um robô virtual que interage com seres humanos. Robôs assim já existem faz muito tempo, mas é que nunca foi tão fácil de usar como agora – e, além de tudo, é grátis.
“O ChatGPT, em 5 dias, chegou a 1 milhão de usuários. Para se ter uma ideia, o Facebook levou dez meses para bater 1 milhão”, diz o mestre em inteligência artificial e escritor Guy Perelmuter.
Essa inteligência artificial, superavançada, gera conteúdo. Basta saber pedir.
“É uma caixa de texto, onde você escreve sem precisar programar, sem precisar ser um técnico. Você escreve uma pergunta, faz um pedido, faz uma sugestão e você recebe uma resposta coesa, nunca perfeita ou raramente perfeita, mas coesa. CHATgpt, é importante que se diga, não é 100% confiável. Tem inúmeros exemplos de coisas errôneas”, afirma Guy Perelmuter.
Em 2022, usando centenas de computadores superpotentes, o sistema do ChatGPT passou meses e meses puxando bilhões de informações de toda a internet, como explica o engenheiro e escritor Guy Perelmuter.
“Ele pegou o conteúdo da internet, da Wikipédia, de uma série de livros que estavam disponíveis online, do Twitter, do Reddit, de um monte de vetores de informação e começou a aprender como as pessoas se comunicam, como as frases são montadas. Se você pegar e pedir para o ChatGPT fazer uma redação sobre algum tema e pegar essa redação e colocar num sistema autoplágio, essa redação não vai ser acusada de plágio, porque é como se fosse um conteúdo novo que é feito por uma máquina que extrapolou o conhecimento que ela adquiriu nesse treinamento”, explica Guy Perelmuter.
Mas se a inteligência artificial faz até trabalho de escola, como fica a educação?
“Eu acho que vai ser para o bem. Vai nos permitir ir além do que o algoritmo já faz. Seria como se fosse uma calculadora, por exemplo. Quando veio a calculadora, isso mudou a educação. Então, as crianças vão ter que, no início, não usar o ChatGPT ou alguma ferramenta que nem o chat e para aprender a escrever mesmo. E a partir de uma certa idade ser liberada. Isso vai potencializar o que essas crianças, que esses jovens conseguem escrever e conseguem desenvolver utilizando essas ferramentas. Da mesma forma que utiliza a calculadora”, opina o professor de Inteligência Artificial da USP Alexandre Chiavegatto Filho.
Há seis anos, a professora Dora Kaufman vem direcionando a sua pesquisa para o tema da inteligência artificial.
“Tem questões. Então, o que que é a propriedade intelectual? A autenticidade? O que que é a criatividade? Tudo isso está mexendo com a gente. Então, por isso que vem o lado que assusta. Onde é que nós vamos ficar?”, questiona.
Mas imagens ou textos gerados por inteligência artificial são cópia ou criação?
“Tem vários artistas já entrando com processos, reclamando, protestando… Porque essa tecnologia cria imagens, cria vídeos, cria textos com base em dados que já existiam”, diz Dora Kaufman .
Para estudiosos, a experiência humana ainda é importante.
“Nada substitui você saber as fontes que você está lidando, nada substitui você contrapor aquilo com seu bom senso, nada substitui você ter múltiplas fontes para corroborar aquilo que você está fazendo”, diz Guy Perelmuter.